O facão "onça negra" é de uso exclusivo de militares formados no CIGS Foto: Ana Carolina Chinelatto |
Fabricar uma faca para os militares do exército brasileiro formados no curso do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS). Esse era o sonho de Ricardo Vilar, que mora em Sorocaba (SP) e é cuteleiro há 23 anos. Em 2005 ele recebeu o convite e no ano seguinte lançou o facão do guerreiro de selva. Além desse, um outro modelo de faca foi desenvolvido para a Brigada de Infantaria Paraquedista, outro segmento do exército.
O aço é desbastado para que a lâmina seja "afiada". Foto: Ana Chinelatto |
Um outro modelo de faca do CIGS foi confeccionado em comemoração aos 50 anos do Centro e tem autorização para ser vendido inclusive para civis. De acordo com Ricardo, a peça é personalizada: a lâmina possui 22 centímetros de comprimento, em referência ao número de comandantes e 5 milímetros de espessura em menção ao número de anos.
A faca da Brigada de Infantaria Paraquedista foi usada por um bombeiro para salvar uma família. Foto: Ana Carolina Chinelatto |
O cuteleiro conta que muitas peças têm uma
história especial e uma das que mais marcou foi a da Brigada de Infantaria
Paraquedista – que tem autorização para a venda - utilizada por um bombeiro do
Rio de Janeiro para salvar uma família. “O carro tinha caído em um barranco e
ele só tinha acesso ao vidro traseiro. Ele conseguiu cortar o vidro com a faca
e salvou as pessoas. Eu dei uma nova para ele e a antiga virou o meu troféu”,
conta.
Além das facas de uso
militar, Vilar também produz peças para outras finalidades, como para uso em
acampamentos, por exemplo. Mas os modelos que o cuteleiro mais gosta de fazer
são os artísticos. Esses são únicos, demandam mais tempo e criatividade. “Eu
não aceito desenho pronto. Gosto de pensar em cada detalhe e utilizar materiais
diferentes. Teve faca que usei coral marinho no cabo e algumas faço detalhes em
ouro”, diz.
A coleção de Paulo de Souza tem aproximadamente 80 peças Foto: Arquivo pessoal |
O
empresário Paulo Guilherme Amerise de Souza aprendeu a gostar de facas com o
pai e há 15 anos coleciona armas brancas. Hoje a coleção dele tem
aproximadamente 80 peças. “Tenho facas, canivetes e soco inglês. Meu pai era
colecionador. Além dessa, também faço coleção de isqueiros ”, conta.
Paulo conheceu o trabalho de
Ricardo por meio de um amigo e adquiriu uma fala do cuteleiro. De acordo com o
empresário, uma outra de aço damasco está sendo fabricada. Mas ele não esconde
quais são as preferidas. “Gosto muito da Aitor Oso Blanco e da Ka Bar. Os 12
canivetes puma que tenho também são os meus xodós”, finaliza.