Por Gabriel Cariello
A
língua portuguesa é um dos legados deixados por Cabral e companhia assim que colonizaram nosso país. Porém, quando conversamos com nossos amigos lusitanos, temos
dificuldade em entendê-la, seja pelo sotaque “bagunçado” ou até mesmo pela
diferença no vocabulário (em Portugal, bicha seria fila, rebuçado é pirulito). Mas mesmo aqui dentro de nosso país nós achamos uma
dificuldade em entender nossa própria língua materna. Um nordestino não fala da
mesma maneira que um carioca, nem um gaúcho fala igual a um mineiro. E aqui, no
interior de São Paulo, o que predomina é o sotaque forte, o sotaque “caipira”.
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José Lúcio ainda não substituiu o "tchê" pelo "xé". Foto: Arquivo Pessoal |
De
acordo com a professora de Língua Portuguesa Márcia Palomo, os sotaques
aparecem em razão de diversos fatores. “Como aqui no interior, tivemos
influência dos bandeirantes, europeus e até mesmo indígenas, é provável que a
nossa maneira de falar tenha vindo deles”, explica. “Quando ouvimos alguém
dizer ‘Nós fumo a algum lugar’ achamos
que isso é um traço caipira, ou uma forma errada de conjugar o verbo, o que não
deixa de ser verdade, mas fumo também é a conjugaçao da primeira
pessoa do plural do verbo ‘ser’ em italiano no passado, o que pode ser um
resultado da influência de diferentes povos no nosso jeito de falar”.
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Para Márcia Palomo, o nosso modo de falar pode ser influência de vários povos. Foto: Gabriel Cariello |
Outra
fator relevante na nossa maneira de falar são as gírias. Mas Márcia alerta que
nem tudo é gíria. “Gíria é um vocabulário específico de um grupo social, é não
um modo de falar ou uma forma de se expressar.” Uma das gírias mais ouvidas no
interior de São Paulo é o ‘xé’, usada para demonstrar negação ou surpresa a
algo. “Quando ouvi o ‘xé’ pela primeira vez, achei muito engraçado, mas também
me lembrou o ‘tchê’ que falamos muito no sul”, lembra o estudante José Lúcio. Conjugar
o gerúndio no diminutivo também é bem comum por aqui: “Hoje eu vi aquele menina
andandinho pela praça”, ou seja,
andando de forma lenta ou calmamente. Além disso, ouve-se bastante dizer que “foi
uma gastura fazer esse trabalho”
quando algo é muito cansativo.
Não
se sabe de onde vem exatamente uma gíria, mas elas se espalham com facilidade e
entram na rotina. Dizer por exemplo que está “chovendinho” ou ir “correndinho”
a algum lugar, pode se tornar um vício na linguagem. Márcia alerta que o uso
excessivo de gírias pode atrapalhar na comunicação. “Principalmente quando você
conversa com pessoas que são de fora, que não tem conhecimento dos seus costumes,
elas podem te entender de maneira errada, então é preciso tomar cuidado para
não usá-las exageradamente”.
E
você conhece algumas gírias do nosso interior? Castele algumas gírias abaixo para sua conversa não virar um forfé! Dá um clique nelas e confira!
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